domingo, 5 de dezembro de 2010

Grande Ecrã - O Concerto

Na era de Brejnev e do KGB, na antiga USSR, Andrei Filipov era um grande maestro. O maior do seu tempo.
Um dia, o KGB pede a Filipov que expulse os judeus da sua orquestra e este recusa. Numa actuação de Filipov quando este dirigia o concerto nº 1 para violino e orquestra de Tchaikovsky, o KGB interrompe a performance e põe o maestro a ridículo.
Filipov cai em desgraça e torna-se "homem a dias" no Bolshoi, local onde tinha conhecido dias de glória.
Ao limpar um gabinete apanha um fax, onde uma sala de espectáculos francesa, Théâtre du Châtelet, faz um convite ao Bolshoi para ir tocar a Paris. O antigo maestro rouba o convite e num tom de vingança, decide ser ele e os seus antigos músicos irem tocar a Paris.
A partir daqui O Concerto entra num registo de comédia ligeira sem imaginação e em estereótipos sucessivos pouco subtis e vai com eles quase até ao final do filme.
Os russos são abrutalhados, bêbados e desorganizados. Os judeus gostam de dinheiro e comércio e acabam a vender telemóveis chineses e contrabandear caviar russo. E os ciganos são... ciganos. São eles que falsificam os passaportes para os músicos poderem viajar para Paris e arranjam igualmente as roupas para eles vestirem na noite da actuação.
Os franceses são histriónicos e temperamentais.

Com o aparecimento de Anne-Marie Jacquet, o filme ganha outra dimensão. Ganha sentimento, ganha uma certa lógica e seriedade. Torna-se mais credível. Fica menos refém da piada fácil e batida. E finalmente a nossa atenção fica com algo para focar.
Desde que a actuação se inicia até à sua conclusão, cerca de 15-20 minutos. São plenos de sentimento com o realizador Radu Mihaileanu a saber explorar a emoção da música, do ambiente, da incrível beleza que o concerto nº1 para violino e orquestra de Tchaikovsky tem.
É com ela e com o som do seu violino, que os músicos russos sem prática e que nunca ensaiaram se coordenam e inspiram após uma ligeira hesitação inicial.
A cena em que vemos a filha, Anne-Marie, a reproduzir no violino, o que vemos os dedos da mãe, Lea, na noite fria e escura da Sibéria a dançarem sobre um violino imaginário é portentosa.

Este filme só pela abordagem final do concerto para violino de Tchaikovsky vale a pena ser visto.
Depois pode pensar-se num segundo motivo, que é a entrada em cena de Mélanie Laurent, no papel de Anne-Marie.

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