sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

o FMI do Euro ?

Na Europa a duas velocidades, existe uma designação pejorativa para os países que circulam na velocidade mais baixa: PIIGS.
É o acrónimo inglês para Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Spain (Espanha).
Dois destes países já estão sob a ajuda financeira do FMI. Inicialmente a Grécia e agora a Irlanda.
Por pressão dos restantes países europeus (Alemanha) ou por vontade própria, acredito piamente na primeira hipótese, Portugal será o terceiro país a ter, brevemente, a intervenção do FMI.

O objectivo será proteger a Espanha, tem os seus juros a subir, de acções especulativas que a ponham em causa.

Se a Espanha cair diz-se que toda a Europa vai tremer, o que na prática, significa que o Euro está em risco.
Mas já se fala igualmente em Itália e a Bélgica já está sob pressão, porque tem os seus juros a subir apesar de estes serem ainda baixos e até há quem esteja nervoso em… França. Um dos pilares europeus!

Mais do que a crise europeia, tem que se falar numa crise do Euro e das premissas em que este assenta.
Recentemente, Angela Merkl ao insinuar que outros países deveriam solicitar um pedido de ajuda económica ao FMI e à UE só vem agravar e aumentar as pressões que existem sobre Portugal e Espanha e logo sobre a própria Europa.
À medida que os pacotes de ajuda se sucederem, o dito nervosismo vai aumentar e com ele os juros. O facto é que os mercados estão numa dinâmica de ganância, de ganhar dinheiro com os juros altos e isso só os torna ainda mais apetecíveis. Pescadinha de rabo na boca.
É uma maré a varrer a Europa. Pode começar pelos que andam na velocidade mais baixa, mas certamente irá (já começou...) contaminar os mais rápidos.
Há só uma hipótese: a UE - principalmente os 16 da moeda Euro - funcionar como um só todo. Solidária.
Um conceito que apesar de todas as políticas comuns da agricultura, pescas, imigração, do espaço Schengen, etc..., etc... a Europa ainda não conseguiu atingir.
Caso contrário, arrisca-se a ser um monumental falhanço político e económico.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

uma candidatura felizmente falhada

Sim, fiquei satisfeito por não termos ganho a organização dos mundiais de futebol de 2018-2022.
Como candidatura nós vivíamos da força da Espanha, a campeã do mundo. Naturalmente seriamos um parceiro subalterno e canibalizado. Um pendura. Nunca estaríamos em posição de igualdade.

Também não o merecemos e nem sequer seríamos capazes de estar.
De acordo com a FIFA, os jogos de abertura e encerramento têm de ser realizados em estádios com lotação 80 mil lugares, o que exclui logo à partida a atribuição de um destes jogos para Portugal.
Para os restantes jogos, são necessários estádios acima dos 40 mil lugares, e só existem três nessa situação: Benfica, Sporting e Porto.

Até acredito que houvesse retorno financeiro, até acredito que a organização fosse excelente, mas não consigo acreditar na seriedade deste desporto em Portugal.
Quando penso em Gilberto Madaíl, Laurentino Dias, Pinto da Costa e Filipe Vieira todas as esperanças vão por água abaixo.
Principalmente quando me lembro da maneira da maneira pouco digna com que lidaram com Carlos Queiroz.
Principalmente quando me lembro dos casos de corrupção não resolvidos ou mal resolvidos.
Principalmente quando vejo tentarem justificarem o TGV com a realização do mundial.

Daqui a oito anos ainda estaremos a tentar sair do lodaçal em que este país actualmente se encontra.
Dificilmente que alguém perceberia que se investisse ainda mais (por pouco que seja) em estádios e infraestruturas que muito pouco beneficiariam o país.
Ao contrário do que aconteceu no Euro 2004, em que realmente houve uma união à volta do campeonato, apesar da loucura dos gastos que foram feitos, para o Mundial de 2018 tal não iria acontecer.
Não é uma prioridade para o país e ninguém sente que o seja. Só mesmo os dirigentes do futebol (e alguns do governo) poderiam pensar isso.

Felizmente que não ganhámos a organização do mundial de 2018-2022. Correcção. Felizmente que a Espanha não ganhou a organização do mundial de 2018-2022.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

dia mundial da Luta Contra a Sida




Os números da SIDA

De acordo com o relatório 2010 da UNAIDS referente ao ano 2009 estima-se que.. 

  • 2.6 milhões de pessoas tenham sido infectadas com Sida, média de 7 mil pessoas por dia,
  • 33 milhões de pessoas vivam actualmente com Sida, dos quais 2.5 milhões são crianças menores de 15 anos,
  • 1.8 milhões de pessoas morreram de doenças associadas à Sida,
  • 10 milhões de pessoas não têm acesso a terapias anti-Sida,
  • dois terços das pessoas infectadas com Sida vivem no continente africano,
  • a África subsaariana é a região do planeta onde ocorre a maior percentagem de novas infecções, cerca de 69%,
  • registou-se uma redução de 20% no número de novas infecções desde 1999


terça-feira, 30 de novembro de 2010

Fernando Pessoa - 75 anos de eternidade

Eu tenho uma dívida de gratidão com Lídia Jorge.
Há 25 anos atrás, no Liceu de Queluz, Lídia Jorge era minha professora de português e apresentava pela primeira vez um poema de um autor que não conhecia até então.

O poema era um pouco estranho para mim, mas havia algo nele que me atraía. Ele "falava" comigo.
A professora veio em minha ajuda e explicou que era sobre a simplicidade da vida, a obediência ao inevitável destino e algo que era muito típico encontrar neste poeta: o paradoxo e o tormento interior.

O poema era este:

Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes,

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.


O seu autor é Fernando Pessoa, e é desde então o meu poeta preferido. Sempre com a clara sensação que ele escreve para mim.
Dizem que é um dos maiores poetas nacionais. Não concordo. Ele é os quatro maiores poetas nacionais.

A 29 de Novembro de 1935 Fernando Pessoa escreve sua última frase, a lápis e em inglês, dizia:
I know not what tomorrow will bring - não sei o que o dia de amanhã trará.
Trouxe-lhe a morte. Morreu no dia seguinte a 30 de Novembro de 1935 com 47 anos, no hospital São Luís dos Franceses em Lisboa, vítima de uma cirrose hepática. 
Faz hoje 75 anos.

Mas como escreveu o heterónimo Álvaro de Campos “morrer é só não ser visto”.


segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Grande Ecrã - Harry Potter e os Talismãs da Morte (parte 1)

É difícil escrever sobre uma saga que nunca me fascinou.
Quando fui ver em 2001 Harry Potter e a Pedra Filosofal, não sendo um grande filme até gostei. Gostei do universo criado de Hogwarts, dos putos que iriam tornar-se futuros feiticeiros.
E isto levou-me a ir ver o segundo filme - Harry Potter e a Câmara dos Segredos.
Já este não trouxe muito mais que o primeiro. E deixei de seguir a saga já que não sou fã deste tipo de ambientes e cinema. Ocasionalmente fui vendo um ou outro na televisão.

Agora fui ver o Harry Potter e os Talismãs da Morte (parte 1). Já que tinha visto os dois primeiros, porque não ver os dois últimos?
De todos os que vi, ou fui vendo, este é o que menos me atraiu. Senti a “falta” do ambiente escolar de Hogwarts. Da sua magia e da sua dinâmica visual.
Claro que os Talismãs da Morte (parte 1) é um filme de introdução ao “grande finale” que acontecerá com a segunda parte em Julho de 2011, sendo portanto tendencialmente mais cerebral e pouco emotivo.

Gostei muito do ambiente do filme que o director de fotografia, o português Eduardo Serra criou. Obscuro, com a luz quase ausente de todo o filme a transmitir bem a gravidade dos tempos que se vivem e a necessidade de proteger a esperança (Harry Potter).
Gostei menos da ideia de carregar o horcrux ao pescoço com a alteração de personalidade de quem o carrega – muito Frodo, muito Senhor do Anéis – pouco subtil, assim como o saltar de lugar em lugar - faz lembrar Jumper - de paisagem em paisagem ao longo do filme. Sem lógica aparente, apenas porque sim.
Daniel Radcliffe parece perdido no papel. Sem garra nem convicção. Amorfo.
Os diálogos são mastigados e pouco incisivos.
Os arrufos de ciúmes adolescentes que vão surgindo aqui e ali, entre as três personagens de sempre, também não ajuda muito.

Para os seguidores, apreciadores e indefectíveis será certamente um bom filme. Pessoalmente, foi um filme algo entediante, linear, previsível e sem emoção.
De qualquer maneira, tenciono ver a parte dois. Só para gastar dinheiro.