segunda-feira, 28 de novembro de 2011

compra (atrasada) de fim de semana - Keith Jarrett





Este concerto de piano de Keith Jarrett pertence ao domínio da lenda.
Tocado ao vivo a 24 de Janeiro de 1975 na Opera House da cidade alemã de Colónia, tinha tudo para dar errado.
Jarrett com 29 anos na altura, chegou tarde à sala onde iria ter lugar o concerto.
Estava cansado por uma longa de viagem de carro - um Renault 5 - desde Zurique, onde tinha tocado dias antes, estava com dores de costas e tinha dormido mal nas noites anteriores.
Para mais o piano que tinha pedido não foi o que lhe apresentaram. Era mais pequeno. Era um piano de ensaios de bastidores, desafinado e com os pedais a não funcionarem correctamente.
Jarrett quis desistir do concerto, mas a promotora do concerto com os bilhetes esgotados e a sala lotada de gente convenceu-o a tocar.
Isto são os factos da história do The Koln Concert (O Concerto de Colónia).
A história diz também que é dos discos de piano mais vendidos de sempre de jazz e de qualquer outro género de música.

Por sua vez, a lenda diz que Jarret adaptou-se ao que tinha e fez das limitações do piano, um concerto para a história. Tocou espontaneamente e de improviso. Durante mais de uma hora, sem pauta, a música fluiu directamente da sua mente para o piano através dos seus dedos.

Ouvi-lo é viajar, é sermos inspirados, é encostar a cabeça ao sofá, fechar os olhos, sermos hipnotizados e deixar-nos ir. É ouvi-lo a falar com o piano. É ouvir sabendo que não sendo verdadeiramente um disco de jazz, só um músico de jazz o poderia tocar.
É sermos capazes de premir o botão play do comando, repetidamente, ouvi-lo vezes sem conta, sem cansaço e descobrir sempre qualquer coisa de novo ou ter o conforto de mais uma vez irmos encontrar ou fazer-nos reencontrar algo de muito especial.

Comprei o The Koln Concert trinta e seis anos depois do seu lançamento no mercado (Outono de 1975), não exactamente este fim de semana, mas no último fim de semana de Outubro.

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