sábado, 14 de dezembro de 2013

uma música para o fim de semana - colectivo 258





Foi talvez num sábado em Abril que tive oportunidade de estar e fotografar os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC).
Ao cruzar a famosa entrada dos estaleiros, uma sensação invadiu-me de imediato: abandono, perda.
Não se encontrava indícios claros, palpáveis, de actividade, de produção, de algo que se faz com um objectivo. 
Não se viam luvas, não se viam bancadas sujas, não se viam máquina prontas a retomar algo que se parou por um par de dias. Não se viam luvas ou beatas no chão num local onde trabalham cerca de seiscentos trabalhadores. 
Não se via escória de soldadura de uma industria que vive dela. Não se viam parafusos, limalhas, sobras ou pedaços de aço no chão. As docas secas estavam limpas, vazias. Quase sem marcas, manchas, ferramentas. Tudo estava limpo. Demasiado limpo.
Estou habituado aos ambientes das indústrias metalomecânicas e nada indicava que estava num local em actividade. 

É estranho o que se passa com Estaleiros Navais de Viana do Castelo.. 
A começar com as ajudas financeiras ilegais aos estaleiros pelo governo de Sócrates que não acredito de todo que desconhecesse tal facto, à negação do pagamento dos ferries boats, o Atlântida e Anticiclone que obrigou os ENVC a devolver cerca de 70 milhões por parte do governo regional dos Açores porque o primeiro deles não atingia a velocidade contratualizada sem ter havido sequer uma tentativa de renegociar os contratos.
Mais a história dos dois asfalteiros para Venezuela que também está envolta num denso nevoeiro. Não se sabe o que vai  lhes vai acontecer e já com a matéria prima, o aço, já comprado.

A venda à Martifer, parece algo difícil de explicar. Uma empresa em situação financeira difícil de sustentar, com pouca experiência no ramo naval e que não garante a empregabilidade de todos os trabalhadores. Além que há a curiosidade acrescida de o gabinete de advogados que liderou o processo de concessão à Martifer, pertencer ao Ministro da Defesa, José Pedro Aguiar Branco...

E até o próprio governo que parece disposto a pagar cerca de trinta milhões de euros em indemnizações em despedimentos e rescisões, mas que só receberá sete milhões e meio da Martifer.
Isto tudo, aparentemente sem propor um plano de pagamento que permita aos próprios ENVC pagar as tais ajudas ilegais, cerca de 180 milhões de euros, que recebeu no tempo de Sócrates.

E finalmente parece que o governo esquece-se que ao ajudar a afundar os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, está também a ajudar a afundar a economia e a cidade onde os estaleiros estão fundeados e que deles em grande parte depende.
Isto claro sem pensar mais uma vez que o governo, através do Ministro da Defesa, ao não mostrar um grande empenho em salvar os ENVC, para além do grande à vontade em despedir mais de seiscentos trabalhadores, está a contribuir activamente para o aumento do desemprego nacional, regional, e da despesa pública.

Talvez por tudo isto o Colectivo 258 e os H2O decidiram enviar um recado musical em forma de hip hop nacional ao esforçado ministro.
Sigam com atenção a letra da música para este fim de semana e perceberão o quanto esta história está mal contada e como os seus contornos são obscuros.

Não sei se o ministro perceberá a mensagem. Diz-se que para bom entendedor meia palavra basta, mas no que toca a este senhor, duvido muito.


Bom fim de semana :)





terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Dia Internacional dos Direitos Animais


Para muitos este dia, 10 de Dezembro, é um dia que é conhecido por DIDA - Dia Internacional dos Direitos dos Animais.

De novo, hoje, e não é por acaso, celebra-se o Dia Internacional dos Direitos Humanos e SIMULTANEAMENTE também se celebra do Dia Internacional dos Direitos dos Animais.
Na prática, no mesmo dia, fazendo todo o sentido, celebra-se o respeito e o direito pela vida animal.
Seja ela a vida humana ou a não humana, a vida de um animal, que aliás somos todos.

Esquecemo-nos disso ou não queremos saber, quando abandonamos um animal, quando o maltratamos, quando não lhes damos carinho e protecção, quando os criamos em quintas de produção animal intensiva, onde são apertados, esmagados uns contra os outros, confinados a espaço mínimos onde possibilidade de se mover é anulada. Autenticamente armazenados, sem condições e sem respeito pelas suas necessidades, pela sua integridade, pelas suas personalidades, pelas suas vidas.




Esquecemo-nos disso ou não queremos saber, que eles sofrem, amam e sentem como nós. De uma maneira diferente, mas muito parecida com a nossa.
Sabem o que é a dor, o que é bom, o que querem, o que precisam. Reconhecem quem os trata bem e quem os respeita. São leais, sabem o que é a saudade e amam de uma maneira que escapa inteiramente aos seres humanos, aos animais humanos.

Esquecemo-nos disso ou não queremos saber, quando viramos a cara para o lado quando eles são abatidos anonimamente em matadouros, espancados, em sofrimento, agonizando lentamente, não respeitando sequer a sua vida e muito menos a sua morte, o seu sacrifício por nós quando compramos, carne, peixe já embalados, em postas ou ultra congelados.

Esquecemo-nos disso ou não queremos saber, não passando pela cabeça que aquela posta de um peixe bem cozido mergulhado em azeite ou o pedaço de carne suculento assado coberto em condimentos e especiarias, foi um ser vivo a que não lhe deram e negaram a escolha da vida.




Esquecemo-nos ou viramos a cara para o lado quando vamos a uma tourada e assiste-se a um touro a ser destroçado, ou a um circo e aplaudindo, os vemos a fazer "habilidades" que são contra a sua natureza, que resulta igualmente da sua tortura e sofrimento. Que estão desfasados dos seus espaços naturais, as suas personalidades alteradas à força e com recurso à brutalidade pelos animais humanos que estão à sua frente.




E quando nos esquecemos ou viramos a cara para o lado para tudo isto, estamos confortavelmente e facilmente a ignorar que eles são seres inteligentes e que quando não respeitamos a sua inteligência e as suas diferentes naturezas, desrespeitamos a nossa própria inteligência e natureza.
Desrespeitamo-nos, não só nós e aos nossos direitos que nos assistem e defendemos enquanto animais humanos, mas também a nossa própria inteligência e tecnologia que deveriam ser também postas ao serviço da defesa dos mesmos direitos que assistem os animais não humanos.

Quer queiramos, quer não queiramos, os animais não humanos são iguais a nós.
Infelizmente com uma grande diferença, eles, todos eles, dependem de nós e da nossa vontade, ou não, de os vermos como iguais.