sábado, 18 de janeiro de 2014

uma música para o fim de semana - Bernardo Sasseti


Sinto-me cansado. Muito. Muito.
Mesmo no sossego, há inquietação. Na noite quando fecham os olhos, a alma não adormece. Anda ligeira por caminhos que não devia trilhar.
A nostalgia do que não tenho e que não sei que não tenho desenha quadros que iluminam o tecto escuro da noite.
Volto a fechar os olhos e paulatinamente encolho-me. Tento implodir. Ser um ponto. Pequenino, pequenino.
Mas a  voz silenciosa descobre-me. Revivo o dia que acabou. Mais um dia em que não existi. Amanhã de manhã começará outro igual. Sem alma.
Choro lágrimas que não deviam ser choradas por ausência de um verdadeiro motivo para tal. Nem procuro saber porquê. Mas elas insistem em cair.

Tento ser forte todos os dias, renascer, sorrir para a luz, como a noite e o silêncio me sorriem e acolhem. Mas isso cansa-me cada vez mais todos os dias. Desajusta-me incessantemente. Sou uma pessoa feita de sombras e nevoeiros. Vou-me desligando a tudo e tento que não seja a todos.
Mantém-se a música.

Mantém-se Bernardo Sasseti. Fernando Pessoa ao piano. Regresso a ele.
É o meu refúgio invisível, o meu covil secreto. Escreve música para mim. Ele sabe o que penso e que sinto. Ele sabe o que preciso. Serenidade, essa coisa impossível.
Assina o dia a dia como eu gostaria de saber assinar. Num papel de pauta. Com música, em notas de música. Bonita, simples, elegante, envolvente e no entanto plena de complexidade.
Acertou em cheio em metade de mim.






quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

na face é mais sentido


Talvez não haja beijo mais puro que um beijo na face.
Não tem o erotismo do beijo nos lábios, nem procura o excesso das línguas que dançam quando se encontram.
Não é espartano como o beijo na testa, nem possui a formalidade distante de um beijo na mão.
É o mais romântico deles todos.

Mas também tem que se lhe diga. Não é aquele beijo de rotina que se dá na cara, do cumprimento, de um olá ou de um adeus.
É o beijo na face. Mas sentido. Sente-se nele o calor prolongado do carinho dos lábios que transmitem à nossa pele. 
É um beijo que não se afunda na face, nem apenas a aflora. Não é efémero, nem se agarra ao rosto como uma lapa à rocha. Tem a pressão e a duração perfeita.

Há uma intenção declarada nele. Só se dá na face certa. Aquela face. Naquele momento.
É um beijo que marca indelevelmente mas sem no entanto deixar marcas visíveis em quem o recebe.

Não é um beijo desinteressado, é um beijo dedicado. Não tem segundas nem terceiras intenções. Só primeiras.
Quem dá e quem recebe fá-lo de olhos fechados. É para ser saboreado. Não é dado para ser visto ou, friamente recebe-lo enquanto distraidamente se vai olhando para todos os lados.

Este beijo perfeito sela momentos, eterniza na memória o instante em que o recebemos. É um contrato que honra as duas partes.

Podemos dizer com ele o que a alma quer, mas é também e subtilmente um beijo de agradecimento.
Um simples mas sentido "muito obrigado", um reconhecido "obrigado por tudo que me dás", o beijo de adeus mas "não me vou embora, estarei sempre aqui", o beijo doce e sincero do "gosto muito de ti", o beijo do "ainda bem que estás aqui comigo" e o sempre desejado "por tudo o que és para mim".

É um tipo de beijo que se dá no secretismo da solidão, na companhia de uma paisagem, no conforto de um quarto no fim da cumplicidade a dois.
Este beijo que não sabemos que o vamos dar na face de alguém até ao momento em o damos, ou que nos apanha de surpresa quando nós o recebemos, é uma raridade. 




terça-feira, 14 de janeiro de 2014

série "Vencedores" - Cristiano Ronaldo


Aguentou as palhaçadas do palhaço Joseph Blatter, as insinuações do ressabiado Michel Platini e não fosse ele a esta hora a selecção nacional iria ver o Mundial de 2014 pela televisão.
Marcou 69 golos em 2013, mais que o Messi e o Ribey que juntos somaram 68 golos.
Para ele futebol é uma missão, a sua vida, e o seu objectivo. Ganhar é imperioso, porque é para isso que se dedica de corpo e alma.

Foi o terceiro português a ganhar a bola de ouro depois de Eusébio em 1965 e Luís Figo, em 2000.
Mas tornou-se o primeiro português a ganhar duas vezes, uma em 2008 e a segunda este ano.

Pelé anunciou ontem o nome do melhor jogador de futebol do mundo de 2013. Chama-se...






segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

série "estatísticas da vida" - LXVIII


Nunca experimentei cocaína (nem afins) mas tenho a certeza que é mais viciante!
Cheguei a ir ao cinema e a imaginar peças de Tetris de várias forma e cores a rodopiarem e ao longo do ecrã para depois caírem no intervalo das palavras e a fazerem desaparecer as legendas. Verdade!