sábado, 9 de maio de 2015

uma música para o fim de semana - OqueStrada


É vibrante, colorida, cheia de texturas e sonoridades ricas.
Marta Miranda é uma das mentoras da formação dos OqueStrada. Começou como actriz de teatro e vagabundeou a cantar por casas de fado perdidas em ruas obscuras.
É a alma da banda. Comunicativa e extrovertida.

O outro mentor é o contrabaixista Jean Marco Pablo. Tinha por objectivo formar uma banda que encontrasse um nicho musical muito próprio.
Uma mistura de bom gosto e despreocupada, divertida, mas energética de géneros musicais, ska, fado, blues, folk, pop, tradicional e por aí fora, onde cada membro do grupo tivesse a liberdade de ser o que é.

Foi com João Lima e a sua guitarra portuguesa, que Miranda e Jean encontram a sonoridade que desejavam.
São estes três músicos que constituem o cerne dos OqueStrada que por vezes se desdobram em mais
músicos, tornando a sua sonoridade mais complexa e abrangente.
Uma banda portátil de baixa manutenção, que facilmente pega nos seus tarecos e parte pela estrada fora.
Ou não fosse essa filosofia que está por trás do seu nome. OqueStrada é a fusão de duas palavras. Orquestra e Estrada. ;)




A música para este fim de semana, e subtilmente menos energético que habitualmente colocam nas suas músicas.
Mas a voz característica de Marta Miranda, a guitarra portuguesa estão distintamente presentes espectacularmente suportados pelo acordeão.

Murmúrio é um tema um pouco mais introspectivo na sua letra, na mensagem que quer passar e com um vídeo um pouco obscuro,
É o tema que lançou o ultimo álbum dos OqueStrada, apresentado em Maio de 2014 - Atlanticbeat Mad'in Portugal


Bom fim de semana :)




O teu murmúrio é aquilo que eu quero 
Tu és aquela coisa solitária de viver 
És aquela vida de ovação 
Guardei o que não disseste num paninho de enxoval 
Guardei o mapa dos caminhos que desbravaste sem igual 
Sem fitas nem laços 
Sem testemunhas nem abraços
Sem clima tropical 

Tu sabes 
Bem sabes 
O teu murmúrio é aquilo que eu quero 
Tu és aquela coisa solitária de viver 
És aquela vida de ovação 

Tomaste conta de mim 
Minha relíquia esquecida
Minha doçura perdida
Às vezes o silêncio é de ouro
Outras de prata
Umas de chumbo
E por vezes mata

 Tomaste conta de mim
Tomo eu agora à vez 

Tu sabes
Bem sabes

O teu murmúrio é aquilo que eu quero
Tu és aquela coisa solitária de viver 
És aquela vida de ovação 
Por ti quero ser 
Todo o dia toda a noite
Todo o dia toda a noite

Tomaste conta de mim 
Tomo eu agora à vez 

E a chuva agora a cair 
Nos corações solitários 
Atrás dos montes 
Em Lisboa
Na Nazaré
Em Évora
 Em Portimão
No Minho
 No Guadiana
Em Paris
 Em Berlin
 O teu, o teu murmúrio 

E tu sabes 
Bem sabes 
Por ti eu quero ser 
Todo o dia toda a noite 
Eu quero ser 
Aquela coisa solitária de viver 
Aquela vida de ovação 

Todo o dia toda a noite 
Por ti eu quero ser 
Minha relíquia esquecida 
Minha doçura perdida 
Minha relíquia 
Minha doçura 
O teu murmúrio

O teu... murmúrio


terça-feira, 5 de maio de 2015

a negação de um direito





Pensamos que o sofrimento físico e psicológico é um exclusivo nosso, do ser humano.
Não é verdade.
O extremo confinamento, a dor constante dos maus tratos, de serem marcados com ferros em brasa, bicos cortados, ambientes escuros, sujos, gritos de dor que os animais ouvem que provêm de outros animais, perturba-os, stressa-os, provoca-lhes ansiedade, desespero e auto-mutilação.

Pensamos que só os seres humanos é que sentem a dor da perda de um filho.
Muito longe disso.
As vacas choram as vitelas e os bezerros que acabam nos nossos pratos através dos matadouros.
Os porcos que são considerados mais inteligentes que um cão, sofrem quando lhes retiram os leitões, quando estão perto de si, mas as barras não os permitem acariciar e confortar.

Pensamos que é errado, comer cães, gatos, porque são inteligentes, meigos, porque dormem nas nossas camas, porque nos fazem companhia.
É verdade, mas está errado.
Uma vaca, um porco, uma galinha, um cavalo, um coelho, todos eles são meigos e inteligentes.
Está profundamente errado porque não lhes damos a mínima hipótese de provarem, de nos mostrarem que o são.


Olhamos para estes animais, sempre do alto da nossa superioridade. São inferiores porque os comemos.
Não lhes reconhecemos inteligência, a sensibilidade, a capacidade de amar ou de serem capazes de sofrer.
Com base nesta pretensa inferioridade, negamos-lhe liminarmente aquilo que desejamos para nós próprios. O conforto, o bem estar, a liberdade, a protecção, o carinho, o reconhecimento das nossas personalidades, as nossas diferenças.

Pior. Ironicamente, negamos-lhe o direito a aquilo que o ser humano mais apregoa e valoriza como sendo o valor mais sagrado de todos os seres vivos: o direito à sua vida.