sábado, 5 de março de 2016

uma música para o fim de semana - Jorge Palma & Sérgio Godinho (Juntos)


Por si só, cada um deles, vale a pena assistir a um concerto, ouvir a infinidade de álbuns compostos e tocados por uma imensidão de anos dedicados à música, ouvir vozes que se conhecem à primeira inspiração do ar.

Por si só, cada um deles, têm músicas que marcaram uma determinada altura da nossa da vida sem que nos tenhamos apercebido.
E inevitavelmente haverá uma música preferida nossa que não tenha pelo menos um dos dois nomes, mesmo que não o saibamos.

Por isso, quando Jorge Palma e Sérgio Godinho em Maio de 2015 se juntaram pela primeira vez em Juntos, um álbum gravado ao vivo no concerto no Theatro Circo de Braga, a música nacional ficou em alvoroço.
Dificilmente se consegue imaginar uma dupla, ao contrário do que se procura, tão provável e ainda mais desejável que estes dois cantautores,

O histórico, a ironia, a subtileza do jogo das palavras de cada um deles é imenso. Sem eles, a música nacional seria tão padronizada e monótona como um chão forrado a tijoleira da mesma cor.
Tocaram e cantaram as canções que eram um do outro, para passarem a ser que fossem de qualquer um deles, e sem que nos importássemos consigo, porque a essência de cada uma delas, o significado, a memória de cada uma manteve-se inalterada. Mantiveram-se iguais a elas próprias qualquer que fosse a voz que a cantava.

Este é o grande mérito de Juntos. As canções deixaram de ser de um e passaram a ser dos dois.
E para quem as ouve, quem é o seu dono, o seu pai, é igual ao litro. São sempre grandes canções, enoooooormes canções.

É o caso do Espalhem a Notícia de Sérgio Godinho e do Bairro do Amor de Jorge Palma sublimemente unidas numa só canção dos dois.


Bom fim de semana :)





quarta-feira, 2 de março de 2016

domingo, 28 de fevereiro de 2016

um domingo de tenores


De vez em quando ao fim de semana, faço um sábado, ou um domingo temático no jazz em minha casa.
Escolho um instrumento e oiço alguns dos álbuns que tenho relativamente a esse instrumento. Hoje escolhi o saxofone tenor.

Dexter Gordon, Ben Webster, Hank Mobley, Stanley Turrentine e Wayne Shorter foram os meus eleitos para este domingo.
Dos melhores saxofonistas tenor que o jazz jamais teve.
A lista podia ser maior. Propositadamente deixei os contemporâneos de fora, assim como dois nomes maiores do saxofone tenor: John Coltrane e Sonny Rollins.

Estes grandes cinco tenores para além de terem deixado indelevelmente a sua marca no jazz, todos gravaram para a mítica e talvez a melhor etiqueta de jazz de sempre: Blue Note.
Entre muitos outros, seja no saxofone. seja outros instrumentos, fizeram parte da época de ouro do jazz e que do meu ponto de vista não se voltou a repetir.
Os anos finais da década de cinquenta, particularmente o inacreditável e ano de 1959, considerado o annus mirabilis, o melhor ano de sempre do jazz, e a década de sessenta.

Dos meu eleitos de hoje, escolhi os seguintes álbuns para ouvir:


Dexter Gordon - Our Man in Paris (Blue Note); Go (Blue Note); Clubhouse (Blue Note); Live at Carnegie Hall (Columbia jazz)

O Go é um clássico. É considerado um dos grandes marcos de sempre do jazz.
Mas escolhi o Live at Carnegie Hall, para este post, porque é um pouco diferente dos restantes álbuns.
É ao vivo e tem a particularidade de cada tema ser introduzido pela voz rouca e pausada do próprio Gordon.
Secret Love é um dos meu temas preferidos deste álbum.




Ben Webster - Ben Webster meets Oscar Petersen (Verve)

É um álbum a que retorno muito frequentemente. São absolutamente dois gigantes do jazz que se encontram. Ben Webster e Oscar Peterson.
O primeiro está no saxofone tenor e o segundo no piano. Este é um dos álbuns que foi lançado no famoso ano de 1959.
É um álbum tremendo e vê-los ao vivo juntos é um privilégio. Sunday é o tema que eles tocam.




Hank Mobley - Soul Station (Blue Note); No Room for Squares (Blue Note)

Escolhi Soul Station, para ilustrar a música de Hank Mobley. É considerado um dos cem álbuns mais influentes do jazz.
No entanto como sax tenorista, Mobley não é muito reconhecido e admirado pelo público em geral.
O que é uma pena.
Em Remember, o músico tem uma introdução divertida no início e depois todo o desenvolvimento do tema é puro virtuosismo.




Stanley Turrentine - Look Out (Blue Note)

Se Hank Mobley é pouco reconhecido, diria que Stanley Turrentine é praticamente desconhecido. Pura injustiça.
Na minha colecção Look Out é o único álbum que tenho dele, algo que tenciono corrigir rapidamente.
Foi com este álbum que Turrentine se estreou na mítica Blue Note. Look Out abre o álbum.




Wayne Shorter - Speek no Evil (Blue Note)
Primus inter pares. Wayne Shorter é lendário. De todos os tenores que ouvi hoje é o único que ainda está vivo. Vai fazer 83 anos este ano, a 25 de Agosto.
Em 2013 lançou Without a Net, considerado um dos melhores álbuns de jazz desse ano e também da sua carreira.

Shorter tocaria como sideman em duas bandas que se tornaram irónica no jazz: os Jazz Messangers do baterista Art Blakely e os Weather Report que ajudaria a formar. Bastante desconhecida é a sua faceta de compositor que tal como a de música é igualmente genial.
Mas é o álbum Speak No Evil que marca e ainda marca a sua carreira.
Igualmente considerado um dos cem álbuns mais importantes da história do jazz. Muitos afirmam que é por causa dele que Shorter se torna lendário.
A mulher que surge na capa é a sua primeira mulher, Irene Teruka.
Fee-Fi-Fo-Fum é uma delícia.





Após um dia inteiro a ouvir estes gigantes do jazz, não há segunda feira que meta medo :)