quinta-feira, 17 de agosto de 2017

sessenta anos de "um pouco de melancolia"


Dezassete de Agosto de 1957, era lançado, aquele que é considerado o álbum mais influente e marcante da história do jazz: Kind of Blue.

E ao contrário do que se possa pensar, é o melhor álbum possível para alguém se iniciar no jazz.
É atmosférico, subtil, perfumado, profundamente melódico e possuidor de uma intensa, mas delicada, sofisticação.
O New York Times classificou-o como o "som do céu".
Foi gravado num só dia, praticamente sem ensaios e os músicos só tiveram uma noção do que iam gravar quando Miles Davis lhes entregou uns "rabiscos" sobre o que pretendia da sessão.
Kind of Blue é um espantoso exercício de improvisação bem sucedido.

A formação, um sexteto, é celestial. Todos os músicos per si, marcaram o jazz tornando-o aquilo que é hoje, considerando todas as interpretações e variantes que fizeram sobre ele.

A frente de sopro é mítica: Miles Davis (trompete), John Coltrane (saxofone tenor) e Cannonball Aderley (saxofone alto). O trabalho e a marca que estes três músicos deixaram no jazz, é absolutamente intemporal.
Dois pianistas de excelência: Bill Evans e Wynton Kelly. Bill Evans, é até hoje o pianista que mais moldou e elevou o piano jazz e a sua forma de tocar. Ele é reverenciado entre os próprios pianistas.
Primus inter pares

No contrabaixo, reina Paul Chambers. Ele morreu absurdamente cedo, com trinta e três anos, vítima da tuberculose. Foi um dos pilares do primeiro grande quinteto de Miles Davis.
Como líder, tem poucos álbuns gravados, mas como sideman, poucos contrabaixistas foram mais procurados e desejados que Paul Chambers. O número de álbuns gravados com a sua participação é imenso.

O baterista foi, Jimmy Cobb. Na verdade, ainda é. Jimmy é o único sobrevivente dos músicos que tocaram Kind of Blue.
De todos os músicos, este baterista talvez o único, cuja pegada musical na história do jazz é mais "ligeira". À semelhança de Chambers, o baterista tem um longo historial como sideman.


É sempre tentador ilustrar Kind of Blue com o standard So What. É uma faixa icónica.
Mas vou buscar Blue in Green. Tudo neste tema ilustra Kind of Blue.
A sua elegância, o tempo pausado, o sentimento melancólico, a imensa beleza e serenidade que emana deste álbum. Sem esquecer o fascínio hipnotizante, até universo queda-se perante ele, que o trompete de Miles Davis exerce em nós.

Faz hoje sessenta anos que ele com a produção de Teo Macero, foi lançado para eterno deleite, e sua redenção, da humanidade.





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